Centro Médico promoveu um bate papo com os candidatos a prefeito de Ribeirão Preto
A diretoria do Centro Médico convidou para um bate papo os candidatos a prefeito de Ribeirão, Marco Aurélio (Novo) e Ricardo Silva (PSD). Na pauta, as propostas de governo para a área da saúde do município
Confira a seguir, o encontro desta quarta-feira, dia 23 de outubro, que aconteceu na sede do Centro Médico, com a participação do candidato Marco Aurélio, diretores do Centro Médico, associados e convidados.
O candidato Ricardo Silva, segundo a assessoria de campanha, não pode comparecer devido a outros compromissos já assumidos anteriormente, mas encaminhou uma síntese de suas propostas para a saúde em Ribeirão Preto.
Marco Aurélio - Obrigado pelo convite e hospitalidade. É um grande desafio, mas temos conseguido a adesão de boas pessoas que têm se colocado à disposição para ajudar no processo de colaboração desse grande plano.
O partido Novo tem uma visão de transformação política, que já está dando certo em alguns lugares e propomos fazer com que dê certo também em Ribeirão Preto.
Para isto é necessário trazer pessoas com capacitação, um projeto novo anticorrupção, um bom planejamento e um processo participativo para que possamos construir juntos uma boa gestão pública.
Estou sendo generalista para depois ser mais detalhado na questão da saúde.
O que temos feito agora? Já estamos selecionando nomes para cada uma das áreas, pessoas que tenham alguns critérios:
1) pessoas que sejam desconectadas de troca de favores;
2) pessoas que amem a cidade;
3) pessoas que queiram desenvolver um trabalho voluntário de contribuição para esse projeto de transformação política.
A nossa proposta é transformar Ribeirão Preto em uma referência na gestão pública municipal para todo o Brasil, assim como já é referência o município de Joinville, em Santa Catarina.
Estamos fazendo reuniões com grupos da sociedade civil organizada de várias áreas. Iniciamos com um grupo de desenvolvimento econômico, que são conselhos, formados pela sociedade civil, de pessoas que tenham essas três qualidades, que tenham conhecimento da área onde atuam, ou seja, tenham referência, tenham disponibilidade de tempo para ser um voluntário. E, claro, tenha o desprendimento de fazer isso de forma sem o “toma lá dá cá”, o que é muito difícil.
Mas, só conseguimos mudar isto, trazendo pessoas que pensam diferente. Na área de saúde, esperamos o mesmo. Penso que seria um bom momento para lançarmos isto.
O que esperamos? Relação de nomes, de pessoas que queiram construir isto conosco.
O que é que são esses conselhos municipais?
No caso, seria um conselho municipal da sociedade civil, para trazer sugestões para a melhoria da saúde. São pessoas que entendam da área e que queiram contribuir para a melhoria da prestação de serviços públicos e ajudar a gestão pública a tomar as decisões.
Quais são as nossas propostas para a saúde? O nosso plano é básico. Falamos de um plano sintético de governo. O sintético é um nível antes do detalhado, que contempla outras melhorias. Mas, dentro do sintético, temos a proposta de modernizar, reestruturar todas as unidades básicas, seja unidade básica de saúde, unidade de pronto atendimento, ou unidade de saúde da família, que hoje são 64 dentro da cidade, o que é um bom número.
O que podemos constatar é que o problema maior é a fila de atendimento para exames, consultas e até mesmo para alguns procedimentos mais simples. E por que isto acontece? Geralmente está relacionada à falta de dimensionamento de recursos humanos hoje disponíveis na rede pública.
Também a falta de investimento em tecnologia, em equipamentos e materiais.
Temos uma proposta de extensão de horário para poder liberar esta fila, que está muito grande. É o mutirão da saúde em Ribeirão Preto. A prioridade número um é fazer rapidamente a admissão de novos médicos e profissionais de saúde para poder contemplar estas unidades.
Além de promover a reestruturação das manutenções necessárias e a aquisição de novos equipamentos, investimento em tecnologia e ampliar o horário para poder levar a demanda e atender a necessidade e a expectativa da população. Esta é a leitura principal.
É claro que outros projetos relacionados e detalhados iremos trazer à sociedade civil para ajudar.
A gestão pública tomará a melhor decisão. Então, vamos ter oportunidade de trazer vocês também do contexto de decisão para gestão pública.
Bem, apresentei um panorama geral resumido. Se tiverem alguma pergunta, estou à disposição.
Maria Cristina Menegucci - Você vai fazer uma avaliação do funcionário do posto de saúde, do atendimento, do acolhimento ao paciente? O fato de ser concursado, pode dar a ele uma certa comodidade, atender mal o paciente. Como pretende tratar esta questão?
Marco Aurélio - É preciso humanização do atendimento. Então, estas pessoas precisam ser reconhecidas, qualificadas, capacitadas e estimuladas. Isto funciona na gestão privada e funciona na gestão pública, para o melhor resultado. Trazer a humanização e indicadores de desempenho para gestão pública é fundamental e principalmente no atendimento. E isso é facilmente realizado através de sistemas informatizados.
Dr. Luiz Alberto Ferriani, diretor do Centro Médico - Nós do Centro Médico estivemos reunidos junto à secretaria da Saúde de Ribeirão Preto e saímos de lá decepcionados com a situação da saúde do município e isso ficou como geral no Brasil, que vem de cima e que a situação no país está caótica, o termo que foi usado lá é que nós estamos numa UTI.
Você como estrategista, empreendedor que sei que você é, de onde vai tirar o dinheiro para tirar a saúde, esta população de Ribeirão Preto do Caos? Porque nós, como diretores do Centro Médico, ficamos pasmos, quando foi dito pela própria secretária da saúde, que “não temos o que fazer”, o que nos causou uma revolta muito grande.
Marco Aurélio - Temos grandes problemas de corrupção. Vamos fazer auditoria e a vamos sanear as contas. São R$ 894 milhões para a saúde de Ribeirão Preto. Parece que é dinheiro suficiente para fazer uma boa saúde básica para a população. Então, onde é que está o problema?
Vamos precisar fazer como em empresas, uma auditoria de onde está o problema e criar soluções.
Vamos priorizar a abertura de vagas para a disputa do processo seletivo, para pessoas, inclusive, que estão na gestão pública nesta área. A ideia é trazer as pessoas por competência. É meritocracia,
São três pilares: saneamento anticorrupção, planejamento com capacitação e a comunicação.
Muitas vezes a gestão pública quando assume o poder se distancia da população. Para nós é o inverso. É trazer a população para participar deste processo de decisão.
Dr. Thomas Kim, presidente do Centro Médico - Parece que a violência contra médicos ocorre uma em cada três horas no Brasil. Se ampliarmos para profissionais da saúde, deve ser muito maior. Qual é a sua proposta para dar segurança para os profissionais da saúde? Recentemente tivemos vários médicos agredidos, médicas que tiveram que se esconder dentro da unidade para não ser agredida e tudo mais. Você teria uma proposta de segurança para o profissional de saúde?
Marco Aurélio - Com certeza, temos dentro do nosso escopo. É o Centro de Segurança Integrado, um modelo que existe tanto em São José dos Campos, quanto em Sorocaba.
Para Ribeirão Preto, a previsão é de mais de 1.200 câmeras de segurança, com sistemas de vigilância inteligente, com o reconhecimento facial, identificação de placa, inclusive, ele trabalha principalmente na área preventiva, porque dentro do departamento, que é o centro de segurança, ele tem polícia militar, guarda civil metropolitana, polícia civil, corpo de bombeiros, defesa civil, assistência social, tudo integrado dentro do mesmo prédio. Quando existe alguma suspeita e quem identifica isto é a própria inteligência artificial e todas as unidades do pronto atendimento básico de saúde terão câmeras do próprio sistema de segurança.
Caso haja algum sistema de alerta, imediatamente a viatura mais próxima já faz abordagem.
Isto já existe em São José dos Campos e ali inclusive, aumentou muito o número de empresas e pessoas que foram investir na cidade, porque cidades mais seguras trazem também investidores.
Dr. Thomas Kim - Muitas vezes as agressões contra médicos e outros profissionais de saúde, nem sempre são praticadas por pessoas com antecedentes criminais. Ocasionalmente são pessoas sob efeito de droga ou motivação emocional e muitas vezes não dá para identificar, no fervor do momento, então, não seria interessante deixar uma viatura da guarda municipal nas unidades de saúde?
Dr. Alexandre Firmo de Souza Cruz, vice-presidente do Centro Médico - Principalmente para as UPAs, unidades 24h de pronto atendimento, é recomendável que se analise a arquitetura delas, que deixa muito a desejar.
Marco Aurélio - Fui no Caps 4. Constatei que existe um problema sério, muitos dependentes ao redor e o profissional que me atendeu, relatou que é assim mesmo, que tem medo. Não tinha realmente ninguém de segurança. Temos um déficit na Guarda Civil Metropolitana, que será preciso fazer a recomposição. É um compromisso que podemos assumir sim.
Dr. Thomas Kim - Outra proposta é o plano de carreira para médicos e que pode ser extensiva a todos os profissionais de saúde. Existe a possibilidade de isto ocorrer em sua gestão?
Marco Aurélio - Existe a possibilidade. Temos que trazer estas propostas bem fundamentadas, com objetivos, pois o que queremos realmente é beneficiar principalmente o cidadão. Não posso responder de bate-pronto, porque não tenho os dados, não analisei a respeito deste caso, mas é perfeitamente possível. Isso deve ser enviado através dessas comissões da sociedade civil e de entidades representativas de classe.
Dr. Thomas Kim - Penso que o Dr. Alexandre tem uma vivência maior nesta área.
Dr. Alexandre Firmo de Souza Cruz - O Centro Médico já está conversando com a presidência da Associação Paulista de Medicina, que já está disponibilizando a possibilidade de fazer cursos aqui, de ATLS (Advanced Trauma Life Support) e ACLS (Advanced Cardiovascular Life Support), que são cursos para melhorar o atendimento de urgência e colocar num padrão mais alto, principalmente do setor médico. É uma medida salutar, extremamente importante.
Estamos preocupados com a situação de segurança das unidades de saúde. A secretaria da saúde acenou com várias propostas, mas na prática não as realizou e isso resulta em um mal estar muito grande. E precisamos de ação!
Marco Aurélio - É perfeitamente possível, posso me comprometer com vocês, através destas comissões que poderão ser formadas na área de saúde. E quero convidá-los. Temos três membros de cada entidade associativa de classe, da área de desenvolvimento econômico e na área de saúde não temos ninguém ainda. Então seria um bom momento para trazer estas pessoas que queiram fazer parte destas comissões.
Dr. João Sérgio de Carvalho Filho, chefe da Urologia da Santa Casa de Ribeirão Preto - Temos um trabalho bem forte nesta área. Penso que a maioria das urgências na área de urologia são resolvidas lá. Infelizmente ou felizmente, temos o Hospital das Clínicas, que catalisa todos os recursos ou a maioria deles. Com a importância que tem a Santa Casa, muitas vezes fica limitada em aumentar a resolução, a produtividade, por falta de material e equipamento.
Recentemente aumentou o nosso serviço, porque a Beneficência parou de atender a urgência na área de urologia. Então a minha pergunta é: qual a sua visão para estes hospitais que prestam atendimento filantrópico do SUS? Basicamente atendemos o SUS em 70 a 80% e temos estas limitações.
Marco Aurélio - Capacitar, reconhecer, qualificar e incentivar. Pareço repetitivo em relação a isso, mas é assim que funciona. E não é só a Santa casa. É a Beneficência Portuguesa e o Santa Lydia.
Precisamos analisar, discutir, o que é mais importante fazer para cada uma destas entidades, é trazer as demandas para que possamos evoluir na saúde.
Vamos resolver o problema financeiro primeiro, com uma boa gestão e drenar os vazamentos de corrupção. E aí, como um bom planejamento, comunicação com estas entidades, gradativamente a vamos restabelecendo, mas deve-se fazer investimento em conjunto, que são as parcerias público/ privadas, para mais benefícios e levar serviço de qualidade à população.
RICARDO SILVA
“É preciso mudar a realidade da saúde pública de Ribeirão Preto e isto passa necessariamente pelo investimento no médico. Hoje, sabemos que a prefeitura tem um quadro menor do que o necessário porque a carreira no setor público não é atrativa.
Temos que melhorar a remuneração, garantir estrutura adequada. Isto se refletirá no atendimento a nossa população.
Por outro lado, precisamos garantir que a população tenha acesso a exames e consultas de forma rápida, contratando serviços e dinamizando a agenda. Hoje são 20 meses para conseguir um ultrassom transvaginal, indispensável para saúde da mulher e diagnóstico do câncer, por exemplo. São 7.400 mulheres na fila e vamos mudar isso”.
Segurança nas unidades de saúde - Temos que garantir um ambiente seguro e também humano. Isso se transforma com melhoria da estrutura e garantia de um quadro de funcionários que condiz com o tamanho de Ribeirão Preto. Em 2008, por exemplo, Ribeirão Preto tinha 638 médicos. Hoje, são 400. Isso são dados oficiais. Neste período, a cidade saltou de 560 mil para 700 mil habitantes. Com este cenário, é lógico que o atendimento fica mais demorado, a pessoa espera mais e a equipe médica fica sobrecarregada. Precisamos mudar esse cenário para que não ocorram mais situações de desentendimentos dentro de nossas unidades. Com essa melhora para nossa equipe, tenho certeza que os pacientes e familiares se sentirão amparados, tratados com carinho. Além disso, todas as nossas unidades estarão sob os cuidados de nossa Guarda Civil Metropolitana.
Saúde mental - Essa é uma área onde vamos atuar de forma intensiva. Meu plano de governo aborda a situação que é encarada em Ribeirão Preto, principalmente por falta de gestão, por falta de estrutura e valorização dos profissionais, além de um quadro extremamente reduzido. É preciso, além de garantir o número de profissionais adequado, uma verdadeira política pública para o setor. Vamos realizar campanhas de conscientização sobre saúde mental, valorização da vida e combate ao estigma relacionado às doenças mentais. Além disso, vamos buscar parcerias com universidades para que estudantes do último ano de psicologia possam atuar em estágios monitorados no atendimento de crianças, jovens, adultos e idosos.
Aumento de vagas nos hospitais - Ribeirão Preto é uma metrópole e precisa de mais leitos. Hoje temos 1400 leitos públicos na cidade, tirando os mais de 200 do Santa Tereza, mas sabemos que nossos hospitais têm uma importância regional gigantesca. É por isso que garantimos um novo hospital para Ribeirão, com recursos de minhas emendas e também uma parceria com o governador Tarcísio. A nova unidade terá o dobro da capacidade, com 400 leitos. Isso terá um impacto muito grande para nossa cidade.
Plano de carreira para médicos e profissionais da saúde - Sabemos a importância de valorização do profissional da saúde e o tão atrativo é um plano de carreira para encarar a falta de interesse que os médicos têm hoje quando o assunto é rede pública. O médico recebe mais atendendo particular. Faremos um amplo estudo para buscar a melhor solução e o plano de carreira pode ser um bom caminho.
Programa Meu Exame - Criar o Programa Meu Exame para diminuir filas de exames de imagem, como ressonância, tomografia e ultrassom, em caráter emergencial, ampliando a parceria com hospitais filantrópicos. Para o Programa Meu Exame, se for necessário, contratar clínicas particulares, dentro de valores compatíveis com a possibilidade da prefeitura, para atender pacientes que estão na fila há muito tempo.
Reabertura da UBDS Central - Reabertura da UBDS Central, com a presença de médicos ginecologistas 24 horas, hoje uma grande necessidade no município.
Centro de Saúde Mental - Utilização de espaços do Hospital de Retaguarda Francisco de Assis para a implantação de um grande Centro de Saúde Mental
Psiquiatria infantil - Garantir a presença de psiquiatra para o tratamento de crianças, hoje em falta na rede.
Central de Agendamentos - Criação de uma Central de Agendamentos para que as UBSs tenham um acesso mais fácil por parte da população.